A Comissão Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa) se reuniu, na última terça-feira (22), em Brasília, com os representantes do banco em mais uma rodada da mesa permanente de negociação.
Saques do FGTS aos sábados
A reunião começou com o debate sobre o pagamento das horas extras aos empregados convocados a prestarem o serviço dos saques do FGTS fora da jornada normal de trabalho, tema que representa hoje o símbolo dos ataques à Caixa 100% pública e social. Foi reivindicado, na ocasião, o efetivo pagamento das horas extras para os gerentes gerais das agências digitais e das que irão funcionar nos dias de abertura para os saques.
A posição da empresa de se negar a assegurar os direitos dos gerentes gerais foi contestada pelas entidades representativas. Para a representação dos empregados, eles devem ter garantido, pelo menos formalmente, um dia de folga.
Quanto aos saques do FGTS, a Comissão Executiva dos Empregados defendeu a tese da inexistência de necessidade plausível para a abertura das agências aos sábados. A alegação está baseada no fato de que, entre outros fatores, o fluxo não é homogêneo. Também foi denunciada a irregularidade de os empregados convocados para os saques estarem fazendo outros serviços não combinados, a exemplo do que se refere à assinatura de contrato habitacional no sábado ou fora do expediente.
Os representantes da Caixa na mesa mostraram-se surpresos com essas ocorrências e disseram que a orientação é no sentido de que as agências abertas aos sábados efetuem serviços pertinentes exclusivamente ao FGTS, esclarecendo também que os sistemas disponíveis para acesso são ligados apenas ao Fundo de Garantia. Diante desse impasse, o banco ficou de averiguar os problemas para adotar as providências cabíveis.
A CEE/Caixa cobrou uma posição do banco a respeito do ofício do movimento sindical, com pedido em favor da manutenção da gestão centralizada do FGTS pela Caixa. Também foi criticada, na ocasião, a declaração do deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ), presidente da Câmara dos Deputados, de ataques contra o fundo e o banco público, ambos responsáveis por aquecer a economia e injetar bilhões nos municípios.
Constata-se, ainda, que os saques do FGTS têm implicado em um aumento exponencial do atendimento ao público pela Caixa. Isso ocorre, inclusive, em um momento que o banco vem sofrendo um processo de sucateamento por meio da redução do número de empregados. Para se ter uma ideia dessa realidade de terra arrasada, a Caixa perdeu mais de 17 mil empregados desde 2014, passando de 101 mil trabalhadores para os atuais 83 mil, situação provocada pelo aprofundamento das políticas de caráter privatista.
Defesa da Caixa 100% pública
Na reunião da mesa permanente, e em defesa do caráter social da Caixa, as entidades representativas denunciaram as iniciativas da direção da empresa de fatiar o principal banco de varejo totalmente público do Brasil, como ocorreu com a venda da Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex), entregue para o consórcio estrangeiro Estrela Instantânea.
A Comissão Executiva dos Empregados deixou claro que a defesa do papel público, social e forte da Caixa é uma prioridade. Foram cobradas ainda informações sobre o processo de fatiamento da empresa, assim como sobre todo o organograma planejado pela Caixa a respeito do projeto de abertura de capital. Houve, na ocasião, protesto formal contra esse desmonte, cujo propósito é enfraquecer e diminuir a atuação do banco público, entregando para a iniciativa privada setores como loterias, cartões, seguridade e gestão de ativos de terceiros, justamente as partes mais rentáveis.
O processo de reestruturação também foi alvo de fortes contestações e denúncias. É comum a falta de informações por parte do banco aos empregados. Gestores e demais empregados têm ouvido em reuniões que as atividades sob sua responsabilidade e as próprias áreas vão passar por uma “remodelação organizacional”, podendo ser incorporadas ou transferidas a outros locais ou até mesmo extintas.
Aos representantes da Caixa, a Comissão Executiva dos Empregados afirmou que o assunto tem importância não só para os trabalhadores diretamente afetados. A avaliação é de que as mudanças apontadas possuem potencial para atingir toda a instituição. É fundamental, portanto, que toda a atenção seja dispensada ao tema, com ampliação da solidariedade de todos os empregados com os colegas. Uma constatação: a reestruturação tira funções estratégicas, o que prejudica o papel público do banco.
Esse processo de desmonte passa também pelas ações de retirada de direitos dos empregados, com redução de trabalhadores nas unidades, o que gera sobrecarga de trabalho e adoecimento.
Contratação já
As entidades representativas voltaram a cobrar a imediata contratação de mais empregados. Em resposta a essa solicitação, a Comissão de Negociação do banco esclareceu depender do atendimento de duas prerrogativas: autorização formal dos órgãos controladores do governo federal e disponibilidade orçamentária, não havendo até o momento, segundo a própria empresa, condições adequadas de ocorrer nenhuma dessas exigências.
Saúde Caixa
Outro debate relevante, visto como uma das principais prioridades, foi a cobrança por mais transparência na apresentação dos números do plano, para que os usuários possam discutir medidas que garantam a sustentabilidade e o caráter solidário. Uma das reivindicações é para que seja corrigido o cálculo equivocado do superávit do Saúde Caixa, situação em que é praticamente considerada apenas a parte dos trabalhadores.
Fonte: Seeb Chapecó com Sindicato da Bahia