Os dados disponibilizados durante o Seminário de Apresentação dos Resultados de Pesquisa em Saúde Mental no Rio Grande do Sul demonstram que o adoecimento, como extensão da gestão perversa dos bancos, está diretamente relacionado ao trabalho que os bancários desempenham e à pressão que sofrem. A atividade foi promovida pelo SindBancários na última sexta-feira, 12, em Porto Alegre.
A pesquisa “Relação entre Trabalho e Saúde Mental dos Bancários do Rio Grande do Sul” se baseou em dados coletados desde agosto de 2013, por meio de um questionário eletrônico. A próxima etapa é a fase qualitativa, na qual serão constituídos grupos focais para aprofundar a prospecção de dados, resultando em mais material para a análise.
Uma das ramificações da pesquisa é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da estudante de psicologia da UFCSPA e estagiária do SindBancários, Vatsi Meneghel Danilevicz com o tema “Suicídio no trabalho bancário: expressão do insustentável”.
O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, destacou a parceria com a universidade pública, o esforço do Departamento de Saúde do Sindicato e o trabalho das pesquisadoras e dos estagiários e estagiárias no atendimento aos bancários. “A pergunta que essa pesquisa faz e a resposta que obtém revelam o quanto a nossa profissão mudou. Antes, os bancários apresentavam muitas lesões por esforço repetitivo (LER/DORT). Era muita dor nos ombros e articulações e afastamentos por causa disso. Essas lesões ainda aparecem. No entanto, agora temos problemas de sofrimento mental. É muita pressão por metas abusivas e muito assédio moral. A pesquisa mostra essa mudança”, avaliou Gimenis.
Confira alguns dados da pesquisa:
Perfil dos participantes - 1.787 bancários do Rio Grande do Sul
Onde vivem - 50,88% da capital e 49,12% do interior
Sexo - 49,17% homens e 50,83% mulheres
Idade - A idade variou 20 a 66 anos, com média de 39 anos e 3 meses
Tempo de trabalho - O tempo de trabalho de 1 mês e 39 anos
Onde trabalham – 82,42% são trabalhadores de instituições públicas; 66,32% trabalham em agências e 33,68% dos trabalhadores desempenham funções de departamento
Estado civil - 52,87% eram casados; 28,50%, solteiros; 9,75% possuíam união estável e 8,39% são separados/divorciados
Escolaridade - 52% Ensino Superior Completo; 26% possuíam Pós-Graduação e 22,09% Ensino Médio
No trabalho - 21,34% cumprem mais de 40h semanais
Acidentes – 38% sofreram acidente de trabalho
Violência – 11,54% foram assaltados ou sequestrados
Demissões – 56% temiam ser demitidos
Ética – 47,64% abririam mão de seus valores éticos pelo trabalho
Conflitos – 88,23% são expostos a conflitos ou hostilidades
Trabalho e vida pessoal - 89% sentem que o trabalho interfere negativamente em outras áreas da vida
Afastamentos – 49% já se afastaram por motivos de saúde
Medicação – 26% utilizam medicação psiquiátrica; destes, 40% acreditam que o uso de medicação psiquiátrica e/ou substâncias psicoativas está relacionado ao trabalho
Estresse - 67% dos bancários sentem-se nervosos ou preocupados, 50% dormem mal, 47% tem se sentem tristes ultimamente e 42% referiram que o trabalho é penoso e causa sofrimento
Insatisfação - 25% dos bancários estão insatisfeitos com a vida.
* Fonte: SindBancários com edição da Fetrafi-RS e do Seeb Chapecó
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